Palmira Gobbi (Dona Palmira)
⭐04/04/1909 - ✝️10/11/1979
O pai, Virgílio, era italiano como São Francisco de Assis. A mãe era Dolores, e espanhola como Dolores Ibárruri, aquela conhecida pelo apelido de La Pasionaria e pela frase "Nó pasarán!". A mistura resultou na ternura e na personalidade forte da filha Palmira. Palmira Gobbi, como ficou conhecida. Pioneira na defesa dos animais aqui no Rio Grande do Sul, ela dispensava todo o carinho do mundo aos bichos – e toda a intransigência do universo aos malvados que os maltratavam. Se dependesse dela, estes últimos não passariam impunes mesmo. A carroceiros que chicoteavam os seus próprios cavalos, ela desafiava a suportar igual suplício.
DONA PALMIRA DEFENSORA DOS ANIMAIS
Dona Palmira Gobbi, nascida em Porto Alegre, no dia 4 de abril de 1909, foi precursora na defesa dos animais. A Associação Riograndense de Proteção aos Animais (Arpa), fundada por um grupo em 13 de maio de 1949, funcionou primeiramente na sala 23 do Mercado Público, onde Palmira buscou respaldo para coibir maus-tratos a animais.
Logo, ela foi eleita presidente da entidade, cargo em que ficou até 1979, quando morreu. Havia vários colaboradores e, com o apoio da Polícia Civil, eram expedidas carteiras de fiscais, que tinham o direito de apreender animais que sofriam crueldades. O embasamento era o decreto-lei nº 24.645, que dispunha sobre maus-tratos.
Um soldado e um servidor da prefeitura foram designados para o atendimento, além de veterinários, entre eles Rheno Lorenzoni, Pacífico Machado Netto e Giovani Valentin. Em seguida, surgiu a ideia da construção de um hospital e de uma sede própria para a entidade. Palmira conseguiu um terreno na Rua Freitas e Castro (antiga Cabo Rocha), 172, onde há uma pedra fundamental em que está pactuado que o local era exclusivamente para atender animais.
Restava, então, a construção do prédio, feita com doações de empresas de material de construção, donativos de simpatizantes da causa e contribuições pequenas dos sócios. Tudo devidamente registrado em um livro. Levou algum tempo para a obra ser finalizada. Nesse período, a sala 23 foi substituída pela sala 5 dos altos do Mercado Público.
Dona Palmira participava de inúmeros programas de rádio, em que relatava os maus-tratos aos animais e as punições aos infratores. Todas as terças-feiras, havia uma reunião que ela presidia juntamente com os fiscais, o soldado cedido pela BM. Em casos graves, como espancamento até a morte de cavalos, os infratores eram conduzidos pela Rádio Patrulha para prestarem depoimento. Posteriormente, eram processados.
Dona Palmira era conhecida em todo o Estado. Na sua casa, na Rua Itororó, 131, no Menino Deus, abrigava cães e gatos abandonados. A alimentação dos bichos era custeada por ela, que comprava as sobras de carne das churrascarias. Os clubes colaboravam, separando os restos por preços módicos. Os cavalos apreendidos eram cuidados por dois moradores de rua, que tinham abrigo próximo ao Beira-Rio e recebiam de Dona Palmira alimentação e roupas.
Quando o infrator vinha recuperar o animal – algo que só ocorria se constatado que havia se conscientizado – pagava uma taxa para os cuidadores. Era uma forma de premiar quem cuidava dos animais.
O lado ferrenho e a ternura da defensora Dona Palmira tinha um lado ferrenho. Do carroceiro que vinha espancando o animal, tirava o relho e o ameaçava dizendo: “Gostas de bater? Então, seja homem e venha experimentar!” Se o animal estivesse magro, sem ferraduras ou com feridas, ela parava o condutor, mandava-o desatrelar o animal e, com o apoio da Rádio Patrulha e da Brigada Militar, recolhia o cavalo e deixava a carroça em local que não perturbasse o trânsito para que o malfeitor fosse retirá-la. O que interessava era o animal. Os relhos, chicotes, paus e ferros apreendidos eram guardados e, anualmente, fazia-se uma fogueira com os objetos.
Uma particularidade que só quem conviveu com Palmira sabe: quando mandava deter um infrator, se esse falasse que gostaria de avisar a mãe, ela, sem demonstrar, aflorava o lado terno da grande filha, mãe e companheira, e dava um jeitinho, ligando para a delegacia para pedir que o delegado fosse breve na detenção do indivíduo porque uma mãe estaria sofrendo.
Dona Palmira participava de inúmeros programas de rádio, em que relatava os maus-tratos aos animais e as punições aos infratores. Todas as terças-feiras, havia uma reunião que ela presidia juntamente com os fiscais, o soldado cedido pela BM. Em casos graves, como espancamento até a morte de cavalos, os infratores eram conduzidos pela Rádio Patrulha para prestarem depoimento. Posteriormente, eram processados.
Dona Palmira era conhecida em todo o Estado. Na sua casa, na Rua Itororó, 131, no Menino Deus, abrigava cães e gatos abandonados. A alimentação dos bichos era custeada por ela, que comprava as sobras de carne das churrascarias. Os clubes colaboravam, separando os restos por preços módicos. Os cavalos apreendidos eram cuidados por dois moradores de rua, que tinham abrigo próximo ao Beira-Rio e recebiam de Dona Palmira alimentação e roupas.
Quando o infrator vinha recuperar o animal – algo que só ocorria se constatado que havia se conscientizado – pagava uma taxa para os cuidadores. Era uma forma de premiar quem cuidava dos animais.
O lado ferrenho e a ternura da defensora Dona Palmira tinha um lado ferrenho. Do carroceiro que vinha espancando o animal, tirava o relho e o ameaçava dizendo: “Gostas de bater? Então, seja homem e venha experimentar!” Se o animal estivesse magro, sem ferraduras ou com feridas, ela parava o condutor, mandava-o desatrelar o animal e, com o apoio da Rádio Patrulha e da Brigada Militar, recolhia o cavalo e deixava a carroça em local que não perturbasse o trânsito para que o malfeitor fosse retirá-la. O que interessava era o animal. Os relhos, chicotes, paus e ferros apreendidos eram guardados e, anualmente, fazia-se uma fogueira com os objetos.
Uma particularidade que só quem conviveu com Palmira sabe: quando mandava deter um infrator, se esse falasse que gostaria de avisar a mãe, ela, sem demonstrar, aflorava o lado terno da grande filha, mãe e companheira, e dava um jeitinho, ligando para a delegacia para pedir que o delegado fosse breve na detenção do indivíduo porque uma mãe estaria sofrendo.
Coisas de Dona Palmira.